O Sesc Belenzinho inaugura no dia 1º de julho (quarta-feira), às 21 horas), a exposição Imaterialidade, que fica em cartaz até o dia 27 de setembro. Com curadoria de Adon Peres e Ligia Canongia, a mostra de arte contemporânea traz diferentes artistas cujos trabalhos evocam a desmaterialização, a sublimação da matéria, ou artistas que têm o impalpável como elemento principal do trabalho – som, luz, ar, palavra.
Imaterialidade é composta por 22 obras, assinadas por 10 artistas brasileiros – Brígida Baltar, Carlito Carvalhosa, Fabiana de Barros & Michel Favre, José Damasceno, Laura Vinci, Marcius Galan, Marcos Chaves, Paola Junqueira, Paulo Vivacqua e Waltercio Caldas – e oito artistas de outras nacionalidades – Anthony McCall (Inglaterra), Ben Vautier (Itália), Bruce Nauman (EUA), Ceal Floyer (Paquistão) François Morellet (França), James Turrell (EUA), Keith Sonnier (EUA) e Ryan Gander (Inglaterra).
A exposição mostra os artistas que lidam com esses dois modos de relacionamento com a obra de arte – a questão da “matéria” ou da “não matéria”, onde pode ou não haver uma materialidade concreta. Para esclarecer melhor, Adon Peres comenta como o espectador se defrontará com essas duas maneiras de percepção artística. “No primeiro caso, se estabelece uma relação específica sujeito-objeto, na qual prevalece certo distanciamento, diferente do segundo, principalmente nas instalações, onde o espectador é literalmente imerso na atmosfera da obra”.
Como afirma Ligia Canongia, a curadoria foi em busca de uma “arte que supõe a visibilidade além do visível, a sensibilidade além dos efeitos físicos das coisas, que trafega através e entre os corpos; situações em que a materialidade perde contornos e se torna fluida e diáfana”. Ela ainda explica que a proposta sensorial dessa exposição é a provocação do vazio, da falta, dos intervalos, do vapor e do ar que existe entre todas as coisas, e que nos cerca todo o tempo. “A obra de arte supõe a qualidade de algo que está além de sua presença física, contudo há artistas que trabalham a imaterialidade na constituição mesma das obras, tratam o imaterial como ‘matéria’, explorando estados físicos intermediários que escapam às questões de volume ou espessura e investigam os limites de outras ‘matérias’ insondáveis”.
“Os trabalhos foram escolhidos pelo potencial em evocar a questão primordial que Imaterialidade quer levantar”, comenta Adon Peres. Os curadores contam ainda que desde o início tinham em mente artistas cruciais para a mostra, como James Turrell, Anthony McCall e Waltercio Caldas, mas que o tempo de pesquisa foi importante para formar o elenco ideal, enriquecendo-o com a inclusão de mídias e de artistas de gerações diferentes.
“A exposição Imaterialidade toca numa questão fundamental da modernidade: a desmaterialização. Do impressionismo às esculturas abstratas, a sublimação da matéria se tornou um dispositivo caro à transgressão das formas tradicionais. A sublimação da matéria começa na modernidade com o Impressionismo, quando a pintura mostra a oscilação do perfil das coisas e da cor, dependendo da luz. Daí em diante, a desmaterialização passa a constituir uma conquista irreversível, que só se acentuou ao longo do tempo. Quando pensamos na obra Le Saut Dans Le Vide, de Yves Klein, e que ele chegou a apresentar, em 1960, a galeria parisiense Iris Clert totalmente vazia, em um ato entendido como “obra”, observamos a potência radical a que chegou a imaterialidade no período contemporâneo. A exposição no Sesc Belenzinho, põe em evidência a desmaterialização do objeto como forma de afirmar o caráter instável, efêmero ou intangível da obra de arte, que a faz diferir inteiramente das normas do passado clássico”, finaliza Ligia Canongia.
Por redação
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