O CCBB ficou lotado para a estreia do espetáculo “Aula Magna com Stálin”, que aconteceu na noite do último dia 21. Depois da peça, o elenco recebeu os convidados para um coquetel todo charmoso no hall do belo espaço.
Trata-se de um espetáculo em dois atos. O primeiro, denso e dramático, carregado de opressão e violência, mas ainda assim com uma pitada de humor. O segundo, uma sátira ao universo político e musical da União Soviética no ano de 1948. Ambientada no inverno russo, “Aula Magna com Stálin” acontece em torno de cálices de vodca. Em cena, quatro personagens: Stálin, Jhdanov, Prokofiev e Shostakovich, interpretados por Jairo Mattos, Luiz Damasceno, Carlos Palma e Felipe Folgosi. A “orquestração” de toda a montagem é do diretor William Pereira.
O espetáculo
Em Moscou de 1948, Andrei Jhdanov, o secretário do ditador Josef Stalin, líder máximo da URSS, convocam uma reunião com os compositores Prokofiev e Shostakovich para definição dos novos rumos da arte soviética conforme os interesses do Estado. A tragicomédia, do inglês David Pownall, discute a relação entre a arte e a política, bem como o papel do artista na sociedade, e discute a vida e a obra de dois dos mais importantes compositores do século XX, Prokofiev e Shostakovich. “Se na ópera desvenda-se a teatralidade da música, em ‘Aula Magna com Stálin’ o caminho é o oposto: buscar a musicalidade do teatro, do texto, das palavras da peça do dramaturgo britânico David Pownall, autor que é encenado pela primeira vez no Brasil”, diz o diretor.
“Aula Magna com Stálin” é ambientada na véspera da realização do Primeiro Congresso de Compositores da URSS. O encontro entre o ditador soviético, seu encarregado de política cultural, Andrei Jdánov, e os compositores Serguei Prokófiev e Dmitri Chostakóvitch aconteceu apenas na imaginação de Pownall. Tal imaginação, porém, foi solidamente amparada, nutrida e informada pelo contexto histórico da época.
Para o dramaturgo britânico, o que parecia atrair, desde o início, além dos conflitos entre arte e poder, era a simultaneidade de humor e horror presente na transcrição das atas do congresso de compositores da URSS. “Por um lado, aquelas atas eram de gelar o sangue, mas também faziam rir (…). Havia uma certa mistura de terror e zombaria… e eu imediatamente soube que queria escrever uma peça a respeito”, afirmou Pownall em entrevistas sobre seu texto de maior sucesso.
A ação se desenvolve em um dos salões do Kremlin com um grande piano de cauda. Nessa encenação, o espaço cênico é uma espécie de repartição pública, bunker e almoxarifado de um Departamento de Propaganda e Agitação – tão comuns em regimes totalitários -, e é pano de fundo para uma grande discussão sobre os rumos da Arte, as ligações entre Arte e Política, engajamento, militância, a individualidade do artista confrontada com os deveres de Estado.
A linguagem realista do texto foi mantida, assim como a caracterização dos atores, para que se aproximem das figuras históricas retratadas: Stálin, Zhdanov, Prokofiev e Shostakovitch.
A trilha sonora é composta por trechos das obras dos compositores-personagens, e música especialmente composta, utilizando-se procedimentos e características das obras de Prokofiev e Shostakovitch.
Ficha técnica
Aula Magna com Stálin, de David Pownall
Tradução de William Pereira
Direção e cenografia: William Pereira
Diretora Assistente: Ângela Barros
Direção Musical e composições: Miguel Briamonte
Figurinos: Fábio Namatame
Iluminação: Caetano Vilela
Diretora de Produção: Flávia Furtado
Elenco: Jairo Mattos, Luiz Damasceno, Carlos Palma e Felipe Folgosi
Serviço
“Aula Magna com Stálin”
CCBB – Centro Cultural do Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro, São Paulo
Até 3 de julho de 2015
Quarta a sexta, às 20 horas
Duração: 120 minuto, com intervalo
Classificação: 16 anos
Capacidade: 130 lugares
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada)
Estacionamento conveniado: Estapar Estacionamentos – Rua da Consolação, 228, Centro (EdifícosZarvos). R$ 15,00 pelo período de 5 horas. Necessário carimbar o ticket na bilheteria do CCBB. Informações: (11) 3256-8935
Traslado gratuito do Edifício Zarvos até o CCBB. No trajeto de volta, a van tem parada no Metrô República. Embarque e desembarque: rua da Consolação, 228 (Ed. Zarvos) e rua da Quitanda, próximo à entrada do CCBB
Por Kelly Saito
Fotos Mislene Martins/CCBBSP