A mônica filgueiras galeria convida para a abertura da exposição “Grafismos”, de Marcos Pereira de Almeida, no dia 9 de abril, a partir das 19h. Com uma obra essencialmente urbana, o artista se apropria de letras, ícones e símbolos de linguagem para compor o seu trabalho.
Tinta acrílica e costuras são utilizadas sobre as lonas de caminhão usadas, e reusadas, que servem de suporte e trazem consigo toda uma história e vida que se incorpora e interfere na pintura. As obras, em grandes formatos, são presas em chassis na parte superior, permitindo a sua queda livre.
Se em seu trabalho anterior a internacionalização dos símbolos, como os utilizados pelo sms ou whatsapp, estavam em evidência, o artista agora se detêm aos fragmentos, a fração. “É como se o zomm tivesse sido acionado”, fala Marcos sobre esta nova fase, que pode ser vista como uma extração da rua, como películas tiradas dos muros das cidades e transferida para as paredes da galeria.
Texto do Curador
A obra do paulistano Marcos Pereira de Almeida não foge dos impasses e das perplexidades que inquietam os habitantes da urbe. Em meio às estilhaçadas e conflituosas relações de quem vive nesta complexa SP, dividida entre panelaços de teflon e grafites bolivarianos, por exemplo, o artista parece, assim, buscar uma poética pessoal e singular, que atraia, em meio à tal circulação maximizada de imagens, informações e posicionamentos, mas que também possa ser percebida por seu despojamento, sua introversão, seu recolhimento.
É um objetivo dos mais desafiadores, mas Marcos PA não se omite em suas proposições. Se nos anos 90 sua pintura a óleo refletia, com certo otimismo, as paradoxais imagéticas da metrópole, com sinalizações, índices e elementos urbanos assentados em composições que, se não totalmente estáveis, ainda se pautavam por uma ideia de harmonia, hoje o conjunto parece mais friccionado. Ao mesmo tempo, o excesso de grafismos foi abandonado e, em especial no trabalho cotidiano com a superfície de lonas, a materialidade do suporte escolhido é evidenciada e, com isso, os acidentes, as ranhuras e a trajetória dessa fisicalidade vem à tona com mais força.
Lona Azul
Se em outra oportunidade o artista deixou as lonas ao bel-prazer orgânico de vacas, cuja ação resultou em um desenho não usual e que, posteriormente, sofreu a intervenção do artista, como a marcar sua assinatura mais destacadamente, hoje esse chassi é objeto de labor diário. Resulta de atos mais reflexivos e internos, num embate típico de ateliê. Por isso, é interessante perceber como as escalas têm envergadura e como há uma seleção cromática menos borbulhante e mais pontual, a destacar o azul nessa nova fase. Trabalhos como “A15 e Off” também têm importantes sinais gráficos em sua configuração final, mas abrem espaços, vazios e respiros para outras indagações visuais, menos advindas da escrita e mais de procedimentos que recusam o acúmulo, por um lado, e se ligam ao que já está, ao que já existe.
E, de toda forma, tal olhar contemporâneo ainda se embriaga com essa congestão de elementos e cria arranjos cheios de camadas, como se os layers se sobrepusessem velozmente, com urgência. No entanto, se anteriormente apenas o excesso valia, hoje é mais claro que as barulhentas relações, cheias de rugosidades e evitando os dados planares, criam um jogo plástico e de conceitos que se afastam da quietude. Por isso, os questionamentos persistem e dão ao observador uma estranha dubiedade, estado no qual a arte de Marcos PA se alimenta, vive e proporciona experiências ainda provocativas.
Designer e artista plástico, Marcos Pereira de Almeida vive e trabalha em São Paulo.
Serviço
Exposição Grafismos, de Marcos Pereira de Almeida
mônica filgueiras galeria – Rua Bela Cintra, 1533 – Jardim Paulista, São Paulo
Abertutra: dia 9 de abril, às 19h
Exposição: de 9 de abril a de 2015
Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 14h30
Informações: 11 3082 5292
Por redação
Foto divulgação