Acontece entre os dias 3 e 7 de dezembro, de quarta a domingo, a 9ª Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas, que reúne 13 grupos em apresentações no Centro, Zona Leste e Zona Norte de São Paulo. Todas as vertentes do teatro popular de rua são contempladas no evento, garantindo muito humor, música, circo-teatro e diversão. Os espetáculos ocorrem sempre em lugares públicos, privilegiando os transeuntes.
Vários grupos da capital e grande São Paulo estão na programação ao lado de outros vindos de Presidente Prudente (interior de São Paulo), Icapuí (CE) e Natal (RN). A mostra se caracteriza, desde a primeira edição, por envolver os grupos reforçando sua identidade e profissionalismo, além de oferecer uma programação diversificada e contribuir com a difusão do fazer teatral em espaços públicos abertos, propondo que a rua deixe de ser um mero corredor de passagem e se torne um espaço de troca, decorrente das práticas artísticas.
No dia 3, apresentam-se, na Praça do Patriarca (Centro), os grupos paulistanos Núcleo Pavanelli e Trupe Lona Preta. No dia 4, também na Praça do Patriarca, as atrações são Buraco d’Oráculo, Cia. Teatro dos Ventos, Pombas Urbanas e Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Teatro. Já no dia 5, acontece o Encontro do Movimento de Teatro de Rua e apresentação do grupo Jongo dos Guaianás, no CDC Vento Leste (ZL). Dois locais da Zona Leste recebem a Mostra no dia 6: Praça do Casarão/Estação Via Mara, com Teatro Popular União e Olho Vivo, e Arsenal da Esperança, com Núcleo Teatral Filhos da Dita. Fechando a programação, no dia 7, tem Cervantes do Brasil e Bando La Trupe no Jardim Julieta (Zona Norte), e os grupos Rosas dos Ventos e Mamulengo Rasga Estrada no Centro Cultural Arte em Construção (Zona Leste).
A Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas faz parte do calendário do teatro de rua do Estado de São Paulo, além de integrar também o roteiro nacional. Sua importância é crucial para o público, a cidade, o Estado e o País, atingindo centenas de pessoas que interrompem suas trajetórias cotidianas para assistirem os espetáculos.
Outro aspecto fundamental para a Mostra é a mobilização, a organização dos artistas de rua que fazem do evento um momento de encontro, troca de experiências, discussão de agendas políticas para o segmento e propostas de intercâmbios. Além disso, aproxima artistas e grupos de outros movimentos convidados. Para o Movimento de Teatro de Rua, a Lino Rojas é um dos maiores exemplos do chamado “direito à cidade”. Sendo realizada com verbas públicas, mas pela sociedade Civil organizada, a Mostra dá voz a um segmento cultural antes marginalizado, promove a celebração da arte em espaços públicos e privilegia uma produção popular e engajada.
O Movimento de Teatro de Rua de São Paulo
O MTR-SP, desde 2002, agrega diferentes grupos e companhias, pensadores e afins que defendem a existência de políticas públicas permanentes para garantir a continuidade de pesquisa, produção e circulação do teatro de rua. O Movimento propõe ações reflexivas em âmbito nacional e regional sobre a relação do teatro de rua com as cidades, defendendo o espaço público aberto como local de criação, expressão e encontro. O MTR-SP busca um novo significado para esses, dando-lhes vida por meio da arte, retirando as pessoas, ainda que por alguns momentos, do ritmo urbano acelerado e lhes permitindo a distração, o riso, o sonho e a crítica; coisas que a arte propicia.
Os seminários e encontros programados, anualmente, buscam unir e reunir os fazedores de teatro, principalmente grupos ligados à arte popular. Os participantes são convidados a refletir e trocar experiências sobre seu ofício, priorizando temas sobre a prática do teatro de rua, em seus diversos aspectos e contextos (histórico, social, técnico, estético, organizacional, modos de produção e políticas públicas).
Programação – 9ª Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas
3 de dezembro – quarta-feira
Praça do Patriarca – Centro
“Dia de Benedito – Se fugir o bicho pega, se ficar o mundo come”
16 horas – Núcleo Pavanelli (São Paulo/SP)
Na festa de São Benedito um homem sai do interior com sua família e vai pra cidade grande em busca de vida melhor. Ao tentar se matar, o homem é abordado por Lúcifer que lhe propõe repassar fatos de sua vida para depois decidir qual a melhor escolha: ir para o inferno ou continuar na mesma vida na qual mal conseguem sobreviver com sua família. Entre as histórias de sua mulher e seus filhos, o público testemunha a resistência brincante da cultura popular paulista e o estranhamento das mazelas do cotidiano. Duração: 60 minutos. Classificação: livre.
“O Concerto da Lona Preta”
17h30 – Trupe Lona Preta (São Paulo/SP)
Trata-se de um espetáculo inspirado na tradição circense e em músicas que fazem parte do imaginário popular. Cinco músicos, ou melhor, cinco palhaços tentam de forma divertida executar um concerto musical com um amplo e variado repertorio, que abrange arranjos musicais concernentes às manifestações populares, eruditas e popularescas. Duração: 60 minutos. Classificação: livre.
18h30 – Batucada
Celebração musical de abertura da 9ª Mostra entre todos os grupos do MTR (Movimento de Teatro de Rua).
4 de dezembro – quinta-feira
Praça do Patriarca – Centro
“O Cuzcuz Fedegoso”
14 horas – Buraco d’Oráculo (São Paulo/SP)
Dona Maria do Cuscuz vende seus quitutes nas ruas. Entre as guloseimas está o cuscuz feito com fedegoso, um matinho cheiroso. Como não encontra comprador, oferece o tal cuscuz a um pedinte, que ao se deliciar com a iguaria, finge passar mal para não ter de pagar. Desesperada, dona Maria pede ajuda a Mãezinha do Quixadá, uma raizeira que vende ervas medicinais. A raizeira, então, lança mão de toda sua charlatanice para identificar a suposta doença do pedinte, de forma que possa arrebanhar mais fregueses para seus miraculosos produtos. Fica armada uma grande confusão, que só acaba com a presença dos guardas de plantão, que chegam para estabelecer a ordem e os bons costumes. Duração: 60 min. Classificação: livre.
A Via Nada Sacra da Revolução
15h30 – Cia. Teatro dos Ventos (Osasco/SP)
A partir de colagem de cenas e canções revolucionárias, o grupo constrói uma narrativa poética acerca de processos revolucionários do século XX. Para isso, lança mão de cenas de peças montadas anteriormente pelo grupo, como “Preço do Feijão”, “Máquinas Paradas” (ambas peças de rua) e “Maikovski – a Voz da Revolução” (para espaços não convencionais), além de canções revolucionárias, como “Bella Ciao” e “Comandante Che”. “A Via Nada Sacra da Revolução” é um espetáculo onde lírico e épico dialogam para potencializar uma mensagem de luta e transformação. Duração: 60 min. Classificação: livre.
Era Uma Vez Um Rei
17 horas – Pombas Urbanas (São Paulo/SP)
Um grupo de mendigos se encontra no final de tarde na cidade. Com latas, plásticos e papelões eles “criam” o espaço onde vivem, descansam e fazem festas. De suas relações nasce uma brincadeira na qual, a cada semana, um deles será rei, depois presidente e, em seguida, ditador. O jogo humano e imaginativo se torna intenso e esses mendigos saem da realidade em que vivem para representar as relações de poder da mesma sociedade que os marginaliza. Duração: 60 min. Classificação: livre.
Rolezinho Político Carnavalesco
18h30 – Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Teatro (São Paulo/SP)
Foi durante a brincadeira de carnaval que surgiu, em meio à folia, a vontade de acrescentar espécies de evoluções teatrais ao folguedo de rua. O cortejo político-cênico-carnavalesco simula a firme decisão da população periférica em derrubar o Rei Momo de seu trono. Tudo isso, em meio a muito sexo, fartura e festa. Assim, a sátira operária do “trabalho” ilustra a batalha entre o Capetalismo e a Santa Preguiça, padroeira dos vagabundos, acompanhada pela potente sonoridade da batucada do Dolores. Duração: 60 min. Classificação: livre.
5 de dezembro – sexta-feira
CDC Vento Leste
Rua Frederico Brotero, n° 60 – Patriarca, Zona Leste
Das 11h às 20h – Encontro do MTR (Movimento de Teatro de Rua)
20 horas – Jongo dos Guaianás (São Paulo/SP)
Há 10 anos, o grupo de educadores, festeiros e batuqueiros de Guaianases criaram a roda Jongo dos Guaianá, inspirada no Jongo do Tamandaré, de Guaratinguetá (interior paulista), que promove esta manifestação da cultura popular há mais de 100 anos, contando e cantando a história dos negros e das negras escravizados. Tombado como Patrimônio Cultural Brasileiro, o Jongo chama as pessoas presentes para entrar na roda, cantar e dançar ao som dos batuques do tambu e do candongueiro. Duração: 60 min. Classificação: livre.
6 de dezembro – sábado
Praça do Casarão / Vila Mara – Zona Leste
Ao lado da estação de trem Vila Mara/Jardim Helena
A Cobra Vai Fumar – Uma estória da FEB
17 horas – Teatro Popular União e Olho Vivo – TUOV (São Paulo/SP)
A partir de relatos de ex-pracinhas da Força Expedicionária Brasileira, que combateram na Itália na Segunda Guerra Mundial (1944-1945), o espetáculo conta, em fragmentos, um “passado presente”, como se a memória teimasse em esquecer e também lembrar. Duração: 60 min. Classificação: livre.
6 de dezembro – sábado
Arsenal da Esperança – Zona Leste
Dr. Almeida Lima, 900 – Brás
A Guerra
20 horas: Núcleo Teatral Filhos da Dita (São Paulo/SP)
Três soldados partem para a guerra e, no caminho, esquecem quem é o inimigo. A partir dessa constatação, o espetáculo apresenta cenas que revelam o absurdo de guerras invisíveis vividas cotidianamente. Num campo de batalha que se transforma constantemente, atrizes e atores representam diversos personagens e situações que se inter-relacionam, trazendo à tona um mundo onde a “espetacularização” da violência, impulsionada pelo desejo de poder, ganância e interesses privados, aliena e desumaniza o homem, separando-o da vida. Duração: 60 min. Classificação: livre.
7 de dezembro – domingo
Praça Carlos Kozeritz – Jardim Julieta, Zona Norte
Trecos e Trecos
11 horas – Cervantes do Brasil (Icapuí/CE) e Bando La Trupe (Natal/RN)
“Trecos e Trecos” é uma ação de arte pública de rua, composta por um repertório de breves espetáculos (“trecos”), que são apresentados, normalmente, ao longo de um dia de ocupação de espaços público (praças, ruas, feiras, parques). Entre os espetáculos, acontecem rodas de conversas com temas levantados na hora entre os artistas e espectadores. Duração: 60 min. Classificação: livre.
7 de dezembro – domingo
Centro Cultural Arte em Construção – Zona Leste
Av. dos Metalúrgicos 2.100 – Cidade Tiradentes
Saltimbembe Mambembancos
11 horas: Grupo Rosa dos Ventos (Presidente Prudente/SP)
“Saltimbembe Mambembancos” é uma festa popular na qual palhaços se apresentam como artistas saltimbancos, formando uma roda para exibir suas habilidades. As técnicas de malabarismo, acrobacias de solo e perna de pau são mostradas sem formalidades, acompanhadas por música ao vivo. O espetáculo brincante representa a essência da linguagem desenvolvida pelo Rosa dos Ventos, com interpretação livre de artistas cômicos populares e verborrágicos, improvisadores por opção, influenciados pelo teatro, circo, palhaço de circos e principalmente pelos artistas de rua. Duração: 60 min. Classificação: livre.
O Sumiço boi Pintadinho
16 horas – Mamulengo Rasga Estrada (Presidente Prudente/SP)
O espetáculo conta a história do sumiço do boi Pintadinho, fato que causa mil confusões com personagens clássicos do mamulengo e faz com que Simão passe por apuros para recuperá-lo. Com linguagem popular a história é narrada de maneira leve e solta, com trocadilhos, escatologias e pitadas de críticas sociais. Quitérina, Coroné João Redondo, a cobra e até o Cão dos Inferno vão aparecer para ajudar Simão a entrar e sair das enrascadas criadas por ele próprio. Duração: 60 min. Classificação: livre.
Por redação
Foto divulgação