É impossível descrever e resumir tudo o que acontece nos corredores da SPFW. Além das exposições comemorando os 20 anos da maior semana de moda do Brasil, tivemos a presença de grandes ícones, lounges megadivertidos e, óbvio, os desfiles que trazem as novidades de cada marca para o verão 2016!
Enxergo esta edição como mais do que uma semana de moda: apresentação de rumos, discussão sobre materiais, estampas e lifestyles. É uma celebração em que os looks e as tendências apresentadas são cada vez menos importantes frente à história tão curta (mas tão aprendiz, crescente, dedicada) da moda brasileira. Quem acompanha o evento desde o início se emociona com as presenças e com as lembranças. A importância de construir mais 20 anos tão fortes e com tanta responsabilidade social começa agora com reflexão em desfiles espiritualizados, essencialmente brasileiros, muito culturais, abertos a questões de gênero e tudo que uma sociedade que se propõe inteligente deve ter. Reconhecimento e valorização do passado e de culturas ancestrais e preocupação sustentável com a construção do futuro.
Identidade e estilo
Entre os quatro dias de evento, muitas águas rolaram. O clima no Parque Cândido Portinari foi de festa! O primeiro dia foi marcado pela presença de celebridades e agitadores do mundo da moda, como Shirley Mallmann, que desfilou para a TNG ao lado de Mariana Weickert e Paulo Zulu, em um comeback total ao início dos anos 2000. O auge da carreira de todos eles foi na época em que uma nova geração de modelos – lideradas por Gisele e pelo seu lifestyle saudável com cara de geração saúde – despontaram. Com leveza e fluidez, os looks da TNG encantaram na passarela no corpo da eterna top Shirley, que veio diretamente da sua casa nos Hamptons para a capital brasileira da moda.
O SPFW representa a moda brasileira e, além de celebrar, vem ajudando a construir essa identidade de marcas e de histórias que designers daqui vêm contando ao longo da sua história. A Cavalera encerrou o primeiro dia no parque, ao ar livre, com a presença de índios Yawanawá, que fizeram um ritual de cantos durante todo o desfile. Um preview da energia, espiritualidade e brasilidade da semana de moda.
E como o verão vem aí, chegam com ele as peças de moda praia. Cada vez mais urbanas e com construções elaboradas – seja por identidade da marca ou por necessidade de contextualização para facilitar a venda –, trazem novos olhares para a paisagem de moda do verão que acaba de terminar.
Um ícone sobre o qual vale refletir
Entre tantas celebridades vazias, o reconhecimento de Gisele, inclusive por pessoas que não são do mundo da moda, funciona como um sinal. Gisele se despede das passarelas de forma emocionante, ao lado das amigas de geração, com a marca que a acompanha há tantos anos e, especialmente, encerra no Brasil. O Parque Cândido Portinari tremeu com gente, carros, imprensa, fãs, curiosos e todo tipo de gente que admira a top de alguma forma. Os looks são irrelevantes em comparação ao seu brilho.
Por Diego Cruz (consulto de moda) e Lucas Reis (hairstyle)
Fotos divulgação