“Espere ser arrebatado por 55 minutos. O ator Francisco Gomes interpreta Machado de Assis de forma sublime e o pega pela mão. Você sente e vive os melhores e piores momentos da vida de um dos escritores mais importantes da literatura brasileira. Francisco nos mostra um Machado passando a vida a limpo. O homem que escreveu histórias em 1860, que poderiam ser contadas hoje, coloca uma pitada de melancolia e esbanja realismo. Nos provoca, faz pensar e mostra como os tormentos do homem moderno são os mesmos de um passado longínquo. Ironiza e sentencia que, para sobreviver e ‘subir’ na vida, é necessário sorte e luta. Mais sorte, talvez. Conhecemos um Machado que ri da sociedade da qual faz parte, apesar de ter nascido com tudo para nunca pertencer a ela: era gago, epilético e descendente de escravos. E neste monólogo somos abastecidos de conhecimento e poesia. Saímos da sala de teatro embriagados pelas suas palavras. Ver Machado é fundamental.” Cris Berger, jornalista e fotógrafa.
A peça começa com o escritor fazendo a leitura de um “Manual de sobrevivência para os de origem humilde descendentes de escravos libertos”, com quatro lições. Escrito por Luiz Eduardo Frin, que também dirige o espetáculo, as lições permeiam todo o texto, que traz passagens da vida e alguns fragmentos da obra de Machado de Assis.
O escritor nasceu no Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Mestiço de pai negro e mãe portuguesa, foi criado no morro do Livramento, Rio de Janeiro. Mesmo descendendo de escravos, epilético e gago, já em 1861 era reconhecido como um grande escritor.
Em 1881 publicou “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, um livro extremamente original e pouco convencional para o estilo da época. Foi eleito em 1897 o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, cargo que ocupou até sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908.
No espetáculo, o mito do grande escritor, certamente um dos maiores da língua portuguesa, encontra no ator que o interpreta o homem, um brasileiro. A partir desse encontro, um olhar; histórico, crítico, mas também muito poético, se lança sobre o Brasil de ontem e de hoje. No elenco, Francisco Gomes.
“Eu, Machado”, interpretado por Francisco Gomes, está em temporada que segue até dia 28 de abril, com espetáculos as quartas e quintas-feiras, às 21h, no Viga Espaço Cênico.
Sobre o diretor
Luiz Eduardo Frin (Ribeirão Preto/SP. 1972) é ator, cantor, diretor e dramaturgo. Formado pelo INDAC – Escola de Atores – em 1996, tornou-se professor da instituição desde 2002. É também formado em canto lírico pela Escola Municipal de Música de São Paulo e mestre e doutorando em Artes Cênicas pela Unesp sob a orientação de Alexandre Mate. Estudou dramaturgia com José Rubens Siqueira e Gabriela Rabelo. Entre seus trabalhos, “A Missa do Galo” (2009), “A Lua é minha” (2009), de Mário Bortolotto, além de sua atuação como cantor e diretor cênico no Teatro Municipal, na ópera “La Barca di Venetia per Padova” (2007), de Adriano Banchiere.
Sobre o Ator
Francisco Gomes é ator, diretor, iluminador, produtor e professor da escola INDAC de teatro. Entre seus trabalhos, “Os sete gatinhos”, de Nelson Rodrigues, “As bruxas de Salem”, de Arthur Miller, “Van Gogh”, de Luiz Eduardo Frin, e “A luz da outra casa”, pela TV Cultura, com direção e dramaturgia de Maucir Capanholli.
Serviço
Eu, Machado
Viga Espaço Cênico – Rua Capote Valente, 1.323 – Pinheiros, São Paulo
Até 28 de abril de 2016, com sessões as quartas e quintas-feiras
21 horas
55 minutos
Recomendação: 12 anos
Drama
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Sala viga: 74 lugares
Tel: (11) 3801 1843
Bilheteria: abre uma hora antes do espetáculo
Vendas on-line: compreingressos.com
Por redação
Foto divulgação