Considerado um dos principais nomes do teatro brasileiro, o ator, diretor e dramaturgo Fauzi Arap morreu de câncer em 2013, não sem antes deixar um último texto, finalizado no mesmo ano de sua morte e batizado de “A Graça do Fim”.
Na peça, Seu Nini sente a chegada da morte e o fim de seus ideais com o humor cáustico típico da “melhor idade”. Nesses últimos momentos, ele está acompanhado por um enfermeiro e a cumplicidade dos dois torna mais graciosa o fim de sua jornada.
Com direção de Elias Andreato e com Nilton Bicudo e Cleiton Santos no elenco, o espetáculo reestreou no dia 4 de abril no teatro Eva Herz, com sessões aos sábados, às 18h, até o dia 27 de junho.
“A Graça do Fim” chegou aos palcos em dezembro de 2014, em única apresentação e fez curta temporada em fevereiro de 2015. Ela reestreia agora para uma temporada de três meses em São Paulo.
Uma história de amor pelo teatro
Desde o primeiro contato de Fauzi Arap (1938-2013) com as artes cênicas, estabeleceu-se uma forte ligação. Em 1958 estreou como ator e em 1961 participou da peça “A Vida Impressa em Dólar”, de Clifford Odetts, no Teatro Oficina, recebendo elogios e os Prêmios Saci e Governador do Estado como Melhor Ator Coadjuvante, mas logo passou a escrever e dirigir, tornando-se um dos mais brilhantes dramaturgos e encenadores do teatro brasileiro. Em mais de cinco décadas, revelou atores, intérpretes e autores e foi um dos pioneiros na direção de espetáculos musicais.
Nomes de destaque da cena teatral contaram com a sensibilidade aguçada do diretor, que gostava de trabalhar com o elenco e descobrir ao lado dele o âmago dos personagens, pessoas aparentemente comuns vivendo cenas do cotidiano e que com um gesto, uma entonação, um olhar, revelam toda a profundidade da condição humana. Seu texto simples e direto guarda tesouros de sutilezas e metalinguagem, estendendo pontes entre sonho e realidade, numa reflexão e discussão de temas de seu tempo e do fazer teatral.
Fauzi Arap, impregnado com a poeira cósmica que reveste as estrelas, recorria a elas para decifrar o destino de suas montagens, harmonizava elenco e equipe técnica traçando o mapa astral de todos com quem trabalhava. Em toda a sua profusa e profícua produção está impressa a sua especial atenção à interpretação e ao ator na criação do personagem.
Mergulhando nas profundezas da psique, conheceu de perto a obra de Carl Jung (1875-1961) e os fundamentos da psiquiatria. Ganhou os principais prêmios da dramaturgia e direção teatral do país. Em sua obra há apenas três adaptações, são textos de Clarice Lispector (1920-1977), com quem construiu uma amizade profunda e duradoura. Ativo até o final de sua trajetória artística, em 2012 recebeu o prêmio de Melhor Autor da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA pela montagem de Chorinho e em 2013 escreveu A Graça do Fim, encerrando uma história de amor plenamente correspondido pelo teatro.
Ficha Técnica
Autoria: Fauzi Arap
Direção: Elias Andreato
Elenco: Nilton Bicudo e Cleiton Santos
Assistência de Direção: André Acioli
Trilha Sonora: Jonatan Harold
Voz: Daniel Maia
Iluminação: Adriano Tosta
Cenografia e Figurinos: Elias Andreato
Produção Executiva: Rosy Farias
Produção: Solo Entretenimento
Equipe São Paulo
Direção Artística:- Dan Stulbach
Gerência: André Acioli
Gerência técnica: Hélio Schiavon Junior
Assist. Operacional: Eduardo Cardoso
Serviço
“A Graça do Fim”
Teatro Eva Herz (unidade Conjunto Nacional) – Av. Paulista, 2073 – Bela Vista – São Paulo
Comédia dramática, adulto, 60 minutos
De 4 de abril até 27 de junho de 2015
Sábados, às 18 horas
Ingressos: R$ 40,00 (inteira)
Capacidade: 168 lugares (quatro para cadeirantes)
Bilheteria: de terça a sábado, das 14h às 21h; domingos, das 12h às 19h
Informações: 11 3170 4059
Por redação
Foto divulgação