Gente linda e querida,
A Caixa Cultural São Paulo apresenta, de 13 de março a 20 de maio, a exposição “Tom Zé 80 Anos”, que celebra as oito décadas de vida do cantor e compositor tropicalista. A exposição reúne obras gráficas, digitais e interativas que reavivam a trajetória do baiano, natural de Irará.
Músicas, fotos, textos e depoimentos são traduzidos em instalações concebidas especialmente para a exposição. Assim como o homenageado, elas também se valem da multiplicidade de meios e linguagens na concepção artística.
Entre as obras, uma linha do tempo detalhada perpassa os anos de vida de Tom Zé. O trabalho gráfico-visual é assinado pelo designer, produtor de mídia interativa e curador da exposição, André Vallias.
Fotos de acervo, textos com inclusões em braile e vídeos extraídos de diversos documentários ajudam a contar a história do artista: a vida no interior da Bahia, o começo de carreira, a Tropicália, o reconhecimento internacional, os prêmios e homenagens recebidas ao longo dos anos.
“O fato dessa exposição começar na Bahia e depois vir a São Paulo é muito significativo para mim, e muito acertado por conta dos dois laços fortes que mantenho. Tenho muitas amizades profundas aqui em São Paulo que espero rever nesse grande encontro que será essa exposição”, comemora Tom Zé ao falar sobre a homenagem.
A efervescência musical do baiano também ganha destaque. De “Tom Zé – Grande Liquidação”, primeiro disco autoral lançado em 1968, até “Canções Eróticas de Ninar”, lançado no ano passado, a discografia completa de Tom Zé, reunindo 28 trabalhos completos, estará disponível na exposição. “É uma celebração dos 80 anos de Tom Zé, focando bastante em sua obra e em seu pensamento musical. Trabalhamos muito em cima das letras mais emblemáticas dele”, explica Vallias, que possui no currículo, entre outros trabalhos, a consagrada exposição “Gil 70 anos”, que passou por Salvador em 2013.
A exposição, idealizada pela cantora, produtora cultural e amiga pessoal de Tom Zé, Bete Calligaris, da Eureka Ideias (RJ), traz ainda a contribuição textual do escritor Antônio Risério, além de uma pequena mostra de um acervo pessoal com mais de 10 instrumentos inventados pelo artista, a partir de objetos e materiais inusitados, e utilizados em muitas de suas gravações e shows.
“Além de um tropicalista sem igual, sempre original, e um dos artistas mais vanguardistas que temos, Tom Zé é também um amigo há mais de 25 anos. Depois de ter dedicado homenagens a grandes nomes da MPB, me senti na necessidade de também prestar essa reverência a ele, que celebrou recentemente 80 anos de vida. Quero proporcionar essa alegria a ele. Iniciamos essa exposição na Caixa Cultural Bahia, onde Tom Zé nasceu, e conseguimos trazê-la para São Paulo, cidade que ele escolheu para viver”, resume Bete Calligaris sobre a idealização da exposição.
TOM ZÉ
Antonio José Santana Martins, Tom Zé, é compositor, cantor, performer, arranjador e escritor. Nascido em 1936, em Irará, na Bahia, começou a se interessar por música ainda quando estudante secundarista, em Salvador, onde cursou por seis anos a Universidade de Música da Bahia, depois de ter passado em primeiro lugar no vestibular. Ainda em Salvador, participou do espetáculo “Nós, Por Exemplo”, no Teatro Vila Velha e, já em São Paulo, participou da gravação do disco definidor do Tropicalismo, “Tropicália ou Panis et Circensis”, em 1968, mesmo ano em que grava seu primeiro disco, “Tom Zé – Grande Liquidação”, que tematiza a vida urbana brasileira em música e texto renovadores.
Em 1973 lançou “Todos os Olhos”, cuja ousadia, só assimilada por crítica e público muito tempo depois, o afastou dos meios de comunicação, “mas me fez escutado pelos melhores ouvidos do País” – diz o artista. Casualmente no final dos anos 80, o disco “Estudando o Samba” foi ouvido pelo multiartista David Byrne, ex-Talking Heads, que perguntou por telefone a Arto Lindsay: “- Que país é esse, que tem um artista assim e que tão poucos conhecem? ” e lançou sua obra nos Estados Unidos, com total sucesso de crítica e público. A compilação ‘The Best of Tom Zé”, da gravadora de Byrne, foi o único álbum brasileiro a figurar entre os dez discos mais importantes da década nos EUA.
Tom Zé passou a ser mais ouvido no Brasil e seu extraordinário desempenho no palco repercutiu no País e nas turnês europeias e americanas. Recebeu o Prêmio de Criatividade, concedido pelos compositores do festival Composer to Composer, em Telluride, EUA, 1990. Em 1998 lançou “Com Defeito de Fabricação”, disco que fala sobre o homem do Terceiro Mundo, listado entre os dez mais importantes do ano pelo The New York Times. No mesmo ano ganhou o prêmio da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Entre 2000 e 2010, foi tema de três documentários, premiados: “Tom Zé, ou Quem Irá Colocar Uma Dinamite na Cabeça do Século? ”, por Carla Gallo (2000); “Fabricando Tom Zé”, por Décio Matos Júnior (2006); “Tom Zé – Astronauta Libertado”, por Igor Iglesias, cineasta espanhol (2009).
Foi vencedor do Prêmio Shell, pelo conjunto da obra, em 2003 e Artista do Ano pela Revista Bravo, em 2006. Em 2010, recebeu do Governo do Estado de São Paulo o Prêmio Governador do Estado – Destaque em Música no ano de 2010. Nos anos seguintes, lançou “Tropicália Lixo Lógico” (2012), “Tribunal do Feicebuqui” (2013), “Vira Lata na Via Láctea” (2014) e, o mais recente, “Canções Eróticas de Ninar” (2016).
SERVIÇO:
Tom Zé 80 anos
Local: CAIXA Cultural São Paulo (Praça da Sé, 111 – Centro)
Data: de 13 de março a 20 de maio (de terça a domingo)
Horário: das 9h às 19h
Informações: (11) 3321-4400
Classificação indicativa: livre
Entrada franca
Acesso para pessoas com deficiência